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DA PROPENSÃO A PERDER AS CHAVES
Tenho perdido muitas chaves pela vida.
A chave do êxito extraviou-se num século
cujas chaves não decifro neste pentagrama
de louca transcendência.
A da felicidade caiu no mar dos absurdos
e meu escafandro estava cheio de furos.
A do conhecimento está em algum lugar
que não sei precisar
buscá-la é ofício do vigia
que faz a barba em minha pupila.
A da imortalidade pesava tanto
tive que desfazer-me dela
para seguir vivendo.
A do teu coração profundo e espesso
só abria duas de suas sete portas.
A única chave que conservo
preserva minha inocência
em algum lugar da caixa do corpo.
Só para não perdê-la
Escrevo versos.
Consuelo Tomás
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