quarta-feira, julho 1

Amor vivo



Amar! Mas dum amor que tenha vida...

Não sejam sempre tímidos harpejos,

não sejam só delírios e desejos

duma doida cabeça escandecida...




Amor que viva e brilhe! Luz fundida

Que penetre o meu ser - e não só de beijos

dados no ar - delírios e desejos -

mas amor... dos amores que têm vida...




Sim, vivo e quente! E já a luz do dia

não virá dissipá-lo nos meus braços

como névoa de vaga fantasia...




Nem murchará o sol à chama erguida...

Pois que podem os astros dos espaços

contra uns débeis amores...se têm vida?


Antero de Quental

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