quinta-feira, dezembro 6


– Liberdade, que estais no céu...Rezava o padre nosso que sabia

A pedir-te, humildemente,

O pão de cada dia.

Mas a tua bondade onipotente

Nem me ouvia

.– Liberdade, que estais na terra...

E a minha voz crescia

De emoção.

Mas um silêncio triste sepultava

A fé que ressumava

Da oração.

Até que um dia, corajosamente,

Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,

Saborear, enfim,

O pão da minha fome.

– Liberdade, que estais em mim,

Santificado seja o vosso nome.



(Miguel Torga)

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