domingo, junho 21


Intimidade



Quando, sorrindo, vais passando, e toda

Essa gente te mira cobiçosa,

És bela - e se te não comparo a rosa,

É que a rosa, bem vês, passou de moda...



Anda-me às vezes a cabeça a roda,

Atrás de ti também, flor caprichosa!

Nem pode haver, na multidão ruidosa,

Coisa mais linda, mais absurda e doida.



Mas é na intimidade e no segredo,

Quando tu coras e sorris a medo,

Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!



E não te quero nunca tanto (ouve isto)

Como quando por ti, por mim, por Cristo, juras

- mentindo - que me tens amor...



Antero de Quental

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