domingo, novembro 8

Terceiro motivo da rosa - por Cecília Meireles



Se Omar chegasse
esta manhã,
como veria a tua face


Omar Khayyam,
tu, que és de vinho
e de romã,
e, por orvalho e por espinho,
aço de espada e Aldebarã?


Se Omar te visse
esta manhã,
talvez sorvesse com meiguice
teu cheiro de mel e maçã.
Talvez em suas mãos morenas
te tomasse, e disesse apenas:
"É curta a vida, minha irmã".


Mas por onde anda a sombra antiga
do âmago astrônomo do Irã?


Por isso, deixo esta cantiga
- tempo de mim, asa de abelha -
na tua carne eterna e vã,
rosa vermelha!


Para que vivas, porque és linda,
e contigo respire ainda
Omar Khayyam.

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