quinta-feira, maio 15

SONETO







PABLO NERUDA






MATILDE, onde estás? Notei, para baixo,

Entre gravata e coração, acima,

Certa melancolia intercostal:

Era que de repente estavas ausente



Fez-me falta a luz de tua energia

E olhei devorando a esperança,

Olhei o vazio que é sem ti uma casa,

Não ficam senão trágicas janelas.


De puro taciturno o teto escuta

Cair antigas chuvas desfolhadas,

Plumas, o que a noite aprisionou:




E assim te espero como casa só

E voltarás a ver-me e habitar-me.

De outro modo me doem as janelas.














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