quinta-feira, maio 15

SONETO

PABLO NERUDA















NÃO TE AMO como se fosses rosa de sal, topázio




Ou flecha de cravos que propagam o fogo:




Te amo como se amam certas coisas obscuras,




Secretamente, entre a sombra e a alma.








Te amo como a planta que não floresce e leva




Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,




E graças a seu amor vive escuro em meu corpo




O apertado aroma que ascendeu da terra.








Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,




Te amo diretamente sem problemas nem orgulho:




Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,








Senão assim deste modo em que não sou nem és,




Tão perto que tua mão sobre meu peito é minha,




Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
















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