quinta-feira, maio 15

SONETO

PABLO NERUDA
ENQUANTO a margem espuma da Ilha Negra,

O sal azul, o sol nas ondas te molham,

Eu contemplo os trabalhos da vespa

Empenhada no mel de seu universo.


Vai e vem equilibrando seu reto e ruivo vôo

Como se deslizasse de um arame invisível

A elegância do baile, a sede de sua cintura,

E os assassinatos do ferrão maligno.


De petróleo e laranja é seu arco-íris ,

Busca como um avião entre a erva,

Com um rumor de espiga, voa, desaparece,


Enquanto tu sais do mar, nua,

E regressas ao mundo cheia de sal e sol,

Reverberante estátua e espada da areia.

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