quinta-feira, janeiro 24

DEVANEIOS


Não rabisquei poemas no teu colo,

mas deixei nele as marcas dos meus dentes,

e foram tantas marcas que o consolo

dos beijos se fazia sempre urgentes.


Não naveguei canções no teu pescoço,

mas afoguei a língua nas enchentes

dos veios transbordados no alvoroço

das chuvas de cristais incandescentes.


Hoje o silêncio é amigo dos sonetos,

que se vestem de estrelas, sem poesia,

— Poesia é o sumo doce dos teus seios —,


mas neles guardo os sonhos incompleto

se cumpro a sina e solto a cantoria,

tingindo de saudade os devaneios.


Nathan de Castro

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