quinta-feira, junho 12
Toco a tua boca, com um dedo toco o contorno da tua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a tua boca se entreabrisse e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e te desenha no rosto, uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade eleita por mim para desenhá-la com minha mão em teu rosto e que por um acaso, que não procuro compreender, coincide exatamente com a tua boca que sorri debaixo daquela que a minha mão te desenha. Me olhas, de perto me olhas, cada vez mais de perto e, então, brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam entre si, sobrepõem-se e os ciclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se nos teus cabelos, acariciar lentamente a profundidade do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragrância obscura. E, se nos mordemos, a dor é doce; e, se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu te sinto tremular contra mim, como uma lua na água.
O Jogo da Amarelinha
Julio Cortázar
O texto que segue abaixo foi escrito para uma por Nizan Guanaes, publicitário dono da DM9 (aquela que criou os bichinhos da Parmalat) :
Dizem que conselho só se dá a quem pede.
E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho licença para dar alguns.
Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja aqui vão alguns, que julgo valiosos.
Meu primeiro conselho: Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro.
Ame seu ofício com todo o coração.
Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência.
Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha.
Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro.
Hitler não matou seis milhões de judeus por dinheiro.
Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.
E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham, porque são incapazes de sonhar.
E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma.
A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano.
O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse:
- 'Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo.'
E ela respondeu: -'Eu também não faço, meu filho.'
Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário.
Digo apenas que pensar e realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.
Meu segundo conselho: Pense no seu País.
Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.
Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo.
O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada.
Os pobres vivem como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homens.
Roubam, mas vive uma vida digna de Odorico Paraguassu.
Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia:
'Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito'.
É exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia:
Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito, ou seja, é preferível o erro à omissão, o fracasso ao tédio, o escândalo ao vazio.
Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso.
Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso.
Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute.
Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido, tendo consciência de que cada homem foi feito para fazer história.
Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução.
Que é mais do que sexo ou dinheiro.
Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar, sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.
Não use Rider, não dê férias a seus pés.
Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: 'eu não disse!', 'eu sabia!'.
Toda família tem um tio batalhador e bem de vida.
E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.
Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam.
Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar.
Porque não sabem trabalhar.
Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem.
De 8 as 12, de 12 as 8 e mais se for preciso.
Trabalho não mata. Ocupa o tempo.
Evita o ócio (que é a morada do demônio) e constrói prodígios.
O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses.
Porque aqueles trouxas japoneses, que trabalham de sol a sol, construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta.
Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho.
Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam.
Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo (que é mesmo o senhor da razão) vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.
E isso se chama SUCESSO.
"As Fadas e seus Namoridos"
A Fada AZUL
Tem um namorado caliente
Que lhe cobre de carinho
Sempre lhe enche de beijinhos
E ela fica toda arrepiadinha
Fada Ruiva
Quando o desejo a chama
Ela perde o controle rsrs
Deixa o amado louquinho
Só querendo carinhos rsrs
Fada Amarela
Voa livre e assanhada
Quando pousa essa danada
Beija o sapo e avoada
Deixa o príncipe na calçada!!!
rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrrssrsr
(Graciela da Cunha, Paty Padilha e Bernadette Moscareli)
Pétala
O seu amor
Reluz
Que nem riqueza
Asa do meu destino
Clareza do tino
Pétala
De estrela caindo
Bem devagar...
Oh! meu amor!
Viver
É todo sacrifício
Feito em seu nome
Quanto mais desejo
Um beijo, um beijo seu
Muito mais eu vejo
Gosto em viver
Viver!
Por ser exato
O amor não cabe em si
Por ser encantado
O amor revela-se
Por ser amor
Invade
E fim!!
Djavan
quarta-feira, junho 11
Serenidade
(Raul de Leoni)
Amiga Bernadette
GRACIELA
Mãe desnecessária
Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase e ela sempre me soou estranha. Até agora.
Agora que minha filha adolescente, quase aos 18 anos, começa a dar vôos solo.
Chegou a hora de reprimir de vez o instinto materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos erros, tristezas e perigos.
Uma batalha interna hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a supermãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isso.
Ser "desnecessária" é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical.
A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida.
Até o dia que os nossos filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser desnecessários, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
Marcia Neder
terça-feira, junho 10
“Tempero das Três Fadas”
Essa fada amarelinha
quando pega na varinha
Faz comida gostosinha
Cheira bom lá na vizinha!!!!!!
A Fada Azul
Tem um pouca de bruxa
Quando pega seu caldeirão
Faz comida com magia
Que enfeitiça seu amor
Fada Ruiva
Com um leve toque na varinha
Faz salgadinho, faz bombom...
Você fica querendo mais
Pois tudo o que ela faz
É tão bom... rsrs
(Bernadette Moscareli, Graciela da Cunha e Paty Padilha)
segunda-feira, junho 9
“As Fadas Sensuais"
A Fada Azul
tem olhar enigmático
Traz mistérios escondidos
Pode ser sua felicidade...
ou roubar sua paz
A Fada Azul é um enigma eterno
Te enfeitiça e te encanta
Fada Amarela
Tem um toque sedutor
Num simples bater de asas
Traz a brisa do amor
Fada Ruiva
Tem um charme especial
Com suas sardinha no rosto
enfeitiça à todos
sem perdão
Jeito de boneca
Toda sapeca... rsrs
(Graciela da Cunha Bernadette Moscareli e Paty Padilha)
"As Três Fadas Coloridas"
A Fada Azul
é amor puro
e o vento que ela
sopra é azul
trazendo magia
em forma de luz
A Fada Amarela
É de todas a mais bela
Pois voando ilumina
Com seu pó de purpurina!!!
A Fada Ruiva
é o desejo,
é a paixão!
Ardida feito pimenta,
mas o coração é puro
cheio de amor!
(Graciela da Cunha, Bernadette Moscarelli e Paty Padilha)