sábado, maio 15
Eu fiz bem lá no alto da montanha
Mais alta, mais distante das cidades
A casa-esconderijo das saudades.
Pensei: nenhum problema mais me alcança.
Nem cartas, nem notícias, nem desgraças,
Nem dívidas, nem falsas amizades
Vão ter nem ousadia, nem vontade
De vir me ver. já nada me ameaça.
Mas, eu só percebi quando era tarde
Depois que eu acionei os meus alarmes,
Depois de por a tranca no portão,
Que eu me tranquei sozinho com o inimigo
Que vai passar a vida aqui comigo
Vivendo do meu medo e solidão.
Leoni
quinta-feira, maio 13
Amar é sofrimento de decantação,
produz ouro em pepitas,
elixires de longa vida,
nasce de seu acre
a árvore da juventude perpétua.
É como cuidar de um jardim,
quase imoral deleitar-se
com o cheiro forte de esterco,
um cheiro ruim meio bom,
como disse o menino
quanto a porquinhos no chiqueiro.
É mais que violento o amor
Adélia Prado
segunda-feira, maio 10
“Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,
pra paixão sem orgasmos múltiplos
ou pro amor mal resolvido sem soluços
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.
Não estou aqui pra que gostem de mim.
Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.
E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.
Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,
mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,
em alegrias explosivas,
em olhares faiscantes,
em sorrisos com os olhos,
em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,
no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades..."
Maria de Queiroz
domingo, maio 9
"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece..."
Lispector
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