quarta-feira, fevereiro 20


Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão devagar

sobre o peito da terra e sente respirar

no seu seio os nomes das coisas que ali estão a

crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro

e as campainhas azuis; a menta perfumada para

as infusões do verão e a teia de raízes de um

pequeno loureiro que se organiza como uma rede

de veias na confusão de um corpo.A vida nunca

foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.

Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a

tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor

da tempestade que faz ruir os muros: explode no

teu coração um amor-perfeito, será doce o seu

pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,

hão-de pedir-to quando chegar a primavera.


Maria do Rosário Pedreira

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