Ainda te levarei Amor
Para comer nozes frescas
Na montanha
E pendurar cerejas nas orelhas
Como se fossem flores
Ou rubis.
As nozes
Meu amor
Mancham os dedos
E são verdes e exatas
Como ovos
Mas as cerejas
Ah! As cerejas
São quando a cerejeira sua
Seu manso sangue.
ainda te levarei àquela casa
onde floriam lilases e serpentes
tão claras quanto a água
deslizavam ao pé das macieiras.
te mostrarei três lagos no horizonte
três queijos maturando numa adega
três lesmas escondidas sob um vaso.
estará tudo lá à nossa espera
morangueiras quebradas lagartixas.
Só não estará meu medo de menina
aquele mais escuro que os ciprestes
ecos no mato
passos sobre a ponte
garras na saia
vento nos cabelos
e o latejar das veias
repetindo estou sozinha
e ninguém me salva
Marina colasanti
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