Os meninos humildes crescem no chão
que é o melhor lugar para crescer.
Tu vais crescer no chão
sobre as pedras da eira que há na tua casa.
Há também uma pinheira grande.
Aprenderás a brincar com as sombras da pinheira
olharás uma pinha cair no calor e rolar pelas ervas.
Hás-de apanhá-la nas tuas mãos
e atirá-la num gesto descuidado.
Em Agosto virão os pombos pousar na pinheira
Poderás acompanhá-los ao longe no seu voo preciso, calculado.
Ao partir - verás que sempre se demoram pouco -
vais compreender que há em todas as coisas uma nervura débil
e à sua volta se desenha um anelo fugaz
onde dançam cores formas pontos e fantasmas.
Tudo aparece e desaparece
se fechares os olhos e logo os abrires
já não verás o mesmo: um movimento de seda passou entretanto
levando a poeira dos instantes e deixando em ti
uma sombra a esvoaçar sem objecto.
Aprenderás que essa sombra é a saudade.
Há um viveiro de plantas à beira do caminho
que vem da tua casa.
É na curva larga do caminho, no campo que lhe fica sobranceiro.
Lá crescem tílias bétulas faias e catalpas
e cedros e plátanos, e o pequeno ácer.
Verás como crescem devagar
se vestem e despem de folhagem
e depois são levadas para junto das casas.
Estou feliz por ti
vais guardar todas estas coisas no teu coração humilde.
Crescerás no chão que é o melhor lugar para crescer
crescerás com ternura.
Nuno Higino
que é o melhor lugar para crescer.
Tu vais crescer no chão
sobre as pedras da eira que há na tua casa.
Há também uma pinheira grande.
Aprenderás a brincar com as sombras da pinheira
olharás uma pinha cair no calor e rolar pelas ervas.
Hás-de apanhá-la nas tuas mãos
e atirá-la num gesto descuidado.
Em Agosto virão os pombos pousar na pinheira
Poderás acompanhá-los ao longe no seu voo preciso, calculado.
Ao partir - verás que sempre se demoram pouco -
vais compreender que há em todas as coisas uma nervura débil
e à sua volta se desenha um anelo fugaz
onde dançam cores formas pontos e fantasmas.
Tudo aparece e desaparece
se fechares os olhos e logo os abrires
já não verás o mesmo: um movimento de seda passou entretanto
levando a poeira dos instantes e deixando em ti
uma sombra a esvoaçar sem objecto.
Aprenderás que essa sombra é a saudade.
Há um viveiro de plantas à beira do caminho
que vem da tua casa.
É na curva larga do caminho, no campo que lhe fica sobranceiro.
Lá crescem tílias bétulas faias e catalpas
e cedros e plátanos, e o pequeno ácer.
Verás como crescem devagar
se vestem e despem de folhagem
e depois são levadas para junto das casas.
Estou feliz por ti
vais guardar todas estas coisas no teu coração humilde.
Crescerás no chão que é o melhor lugar para crescer
crescerás com ternura.
Nuno Higino
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