sábado, junho 12


Se te pergunto o caminho,
falas-me das rochas que mortificam o dorso das montanhas
e do ranger da água no galope dos rios
e das nuvens que coroam as paisagens.

Contas que a noite geme nas fendas dos penhascos
porque as cidades apodrecem junto às margens
que o vento é um chicote que desaba os chapéus
que a terra treme, que o nevoeiro cega
e que as casas onde o medo se extinguia na longa bainha do
vestido da mãe cederam ao peso das mágoas dentro delas.

E, se assim mesmo quero ir, dizes que os meus passos
se perderiam no comprimento das sombras - que
não há mapas para os sonhos de quem morre de amor
e que os ramos debruçados dos muros em ruínas rasgariam
a carne – como um sorriso rasga o tecido de um rosto.

Se não me amas, porque me avisas da dor?

Maria do Rosário Pedreira

Nenhum comentário: