O vento passa e atravessa as coxilhas
O pasto cresce para cumprir sua missão
Engorda os bois, vacas e novilhas
E enche de um lindo verde o meu chão.
E que os pássaros cantem, mesmo sem ter motivo
E que emigrem procurando o verão
Mas que nunca se esqueçam de mim
E que assim retornem na próxima estação.
E que os peixes brinquem livres sob as águas
Que meus cães uivem sempre para o luar
Que meus amigos apareçam de vez em quando
E que uma campesina possa sempre me fartar.
Que as tempestades de inverno peguem leve
Que a árvore morta possa sempre nos aquecer
E que lá longe aquela mulher moça
Possa um dia deixar-me a esquecer.
Vê como a chuva cai sem pedir licença
Vê como o amor atinge a gente sem ter dó
Vê como parte deixando uma saudade imensa
Mesmo cercado a gente fica só!
Pode não ser bote de cobra o perigo
Pode não ser o coração o órgão vital
E esta falta que me faz um velho amigo
É como um raio que quando chega é mortal.
E que as lembranças sigam soltas pela noite
Me tragam sonhos que um dia eu vivi.
E que a vida me ensine a morte
P’ra morte comigo não mais se divertir.
Venha ver como tudo é tão simples
E de tão simples gera confusão
Como se o fato de se estar sozinho
Nos adorne com o manto solidão.
Veja que no fim nada se termina
Veja que um novo início há muito já começou
Veja que não há novidade sob o sol
E, apenas por curiosidade, descubra aonde vou!
E que meus frutos nunca esqueçam a árvore pai!
Paulo Ricardo Salcides
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