"Desatei a correr muito depressa.
Quanto mais depressa corro, mais sinto a cara cheia de vento.
Quanto mais depressa corro, mais sinto o barulho do ar.
O meu cabelo vai um pouco para um lado e para o outro.
Percorri o caminho todo olhando para baixo, sempre a correr;
agora estou junto à relva e passo por todos os malmequeres.
Procuro não os pisar, mas se calhar alguns já morreram sob os meus pés.
Corro com o vento na boca e a respiração sobe e desce.
Corro para o pequeno bosque, cada vez mais depressa,
e entro nos braços das árvores…
mantenho os olhos fechados como os cegos
e corro muito rapidamente enquanto as folhas me acariciam a cabeça.
Pelos cantos dos olhos descem alguns pingos.
A minha boca abre-se enquanto a respiração sobe e desce sobe e desce. E
Entrou-me quase todo o vento na boca,
as árvores nunca mais acabam, AUMENTAM, AUMENTAM.
Vejo finalmente o grande campo do outro lado,
com mil malmequeres todos vivos;
corro ainda mais depressa, muito depressa,
e mergulho entre as pétalas brancas.
E enquanto o pescoço se estica para apanhar todo o ar que se perdeu no céu,
eu penso que é assim que se devia morrer…
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