Vou sair com a desculpa de pescar,
Mas antes quero olhar a florada da orquídea
Na área de serviço,
E fechar uma das janelas para evitar-lhe o vento frio do sul.
É preciso nada esquecer;
Vou levar um novo livro e um outro já relido,
O violão e um encordoamento de reserva,
Algumas garrafas de vinho fino, queijos, guloseimas...
E a ração para o meu pequenino cão.
Quero esquecer o meu nome.
Apenas a minha sombra seguirá comigo.
O resto que não vai nem importa,
Já que nunca me pertenceu e não me pertence.
Quero ser uma pessoa nova,
Quero ver os barcos pesqueiros retornando do horizonte,
E o sorriso satisfeito no rosto do pescador,
Quero sentir o vento fresco do dia se pondo,
E ouvir o pio da coruja quando a noite cai...
Fazer tudo isso como fosse a primeira vez...
Cobrir-me de preguiça
e dormir em paz.
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