domingo, junho 15
Essência das Coisas
Essa lágrima pura que alumia
Teus olhos, donde vêm?
Mundos de sentimento e de poesia
Em seu cristal contém;
Mas quando, como o orvalho se evapora,
Esse cristal se esvai,
A alma que nele mora
Onde vai?
O suspiro que, efêmero, de leve
A flor do lábio teu,
Escapando-se, agita, morre em breve,
Morre... apenas nasceu!
Mas a essência de amor, de onde, no giro
Momentâneo, ele sai,
A alma desse suspiro
Onde vai?
De teus olhos a luz, a viva, inquieta
E meiga luz que dão,
Poderá se apagar na mais completa
E feia escuridão...
Mas o amor que, entre raios, a atravessa,
O imã com que atrai,
A alma dos olhos, essa
Onde vai?(...)
(E. de La Barra)