Primeiro a tua língua molha o meu coração, num vagar de fera.
Estendo aurículas e ventrículos sobre a mesa, entre os copos que desaparecem.
Não há mais ninguém no bar cheio de gente.
Abres-me agora os pulmões, um para cada lado, e sopras.
Respiras-me.
O laser das tuas palavras rasga-me o lobo frontal do cérebro.
A tua boca abre-se e fecha-se, fecha-se e abre-se, avançando por dentro da minha cabeça.
As minhas cidades ruem como rios, correndo para o fundo dos teus olhos.
O tempo estilhaça-se no fogo preso das nossas retinas.
O empregado do bar retira da mesa o nosso passado e arruma-o na vitrina, ao lado dos exércitos de chumbo.
Entramos um no outro, abrindo e fechando as pernas das palavras, estremecendo no suor dos olhos abraçados,
fazendo sexo com a lava incandescente dessa revolução imprevista a que damos o nome de amor.
Inês Pedrosa
Estendo aurículas e ventrículos sobre a mesa, entre os copos que desaparecem.
Não há mais ninguém no bar cheio de gente.
Abres-me agora os pulmões, um para cada lado, e sopras.
Respiras-me.
O laser das tuas palavras rasga-me o lobo frontal do cérebro.
A tua boca abre-se e fecha-se, fecha-se e abre-se, avançando por dentro da minha cabeça.
As minhas cidades ruem como rios, correndo para o fundo dos teus olhos.
O tempo estilhaça-se no fogo preso das nossas retinas.
O empregado do bar retira da mesa o nosso passado e arruma-o na vitrina, ao lado dos exércitos de chumbo.
Entramos um no outro, abrindo e fechando as pernas das palavras, estremecendo no suor dos olhos abraçados,
fazendo sexo com a lava incandescente dessa revolução imprevista a que damos o nome de amor.
Inês Pedrosa
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