sexta-feira, março 14

Tão sutilmente


Tão sutilmente em tantos breves anos

Foram se trocando sobre os muros

Mais que desigualdades, semelhanças que aos poucos dois são um, sem que no entanto deixem de ser plurais: talvez as asas de um só anjo, inseparáveis.

Presenças, solidões que vão tecendo a vida,

O filho que se faz, uma arvore plantada,

O tempo gotejando no telhado.

Beleza perseguida a cada hora, para que não baixe

O pó de um cotidiano desencanto..

Tão fielmente adaptam-se as almas destes corpos

Que uma em outra pode se trocar,

Sem que alguém de for a o percebesse nunca.


Lya Luft

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