(Pablo Neruda)
TUA CASA ressoa como um trem ao meio-dia,
Zumbem as vespas, cantam as caçarolas,
A cascata enumera os feitos do orvalho,
Teu riso desenvolve seu trinar de palmeira.
A luz azul do muro conversa com a pedra,
Chega como um pastor silvando um telegrama
E, entre as duas figueiras de cor verde,
Homero sobe com sapatos sigilosos.
Somente aqui a cidade não tem voz nem pranto,
Nem sem-fim, nem sonatas, nem lábios, nem buzina,
Mas um discurso de cascata e de leões,
E tu que sobes, cantas, corres, caminhas , desces,
Plantas, cozes, cozinhas, pregas, escreves, voltas,
Ou te foste e se sabe que começou o inverno.
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